Capítulo 30 -
Pov's Kamila
Sabe aquele sentimento de quando acha que falou demais? O que estou sentindo agora. Ou aquele duplo sentimento de querer e ego dizer o contrário? Também estou sentindo agora. E estes sentimentos são estranhos. Pelo menos para mim. Por nunca ter sentido isso, e agora sentir pelo Alex, por quem sempre nutri uma raiva mortal. Mas talvez esta raiva seja apenas uma máscara para cobrir tudo o que sinto agora. Como se uma brisa forte leva-se a máscara e deixa-se... Amor? Sem cogitações! Kamila, Alex e amor na mesma frase? NEM EM SONHO! Até o último momento. Eu queria te-lo por perto e viver essa coisa clichê que todos chamam de amor eterno. Mesmo não tendo NADA haver com a nossa personalidade, eu queria sabe? É chato sair com BriLissa e MenZo e eu e Alex ficarmos sempre mechando no celular e eles sorrindo, rindo, se amando. E ficar em casa, sem fazer nada, é pior ainda. Não que eu queira ingressar algo mais com ele para tirar meu tédio quando saiu com meu amigos... AH! Vocês entenderam. Entre meus enrolados pensamentos de volta para casa fui surpreendida com uma revelação de Enzo. Meus pais conversavam sobre Mel e Larissa, Enzo fitava a estrada com a cabeça longe, assim como eu. Sua expressão estava estranha. Ele não sorria, o que costuma fazer depois de sair da casa de Megan, não mexia no celular conversando com ela, o que também costuma fazer. Ele parecia ter raiva, ou como se quisesse derrubar o mundo. Ou tristeza, como ele costumava ficar após uma péssima notícia. Ele não poderia ter terminado com Megan, eles são tão apaixonados...
- Enzo, que cara é essa? Não fica assim depois de sair da casa de Megan
- Ele mordeu o lábio inferior e respirou fundo - Mãe, a Megan tem câncer.
E PUM! Ai estava a bomba! Meu pai parou no farol e ele e Sophia se olharam como "O que fazemos agora? Continuamos normais e damos força pra ele? JESUS!" E ai minha mãe soltou a pior coisa possível:
- Putz!
ALÔ? SOPHIA? A NAMORADA DO TEU FILHO PODE MORRER E O MELHOR QUE VOCÊ DIZ É PUTZ? ACORDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! Te amo mãe ❤
- E como ela esta? - ai o lindo do meu pai entra em ação para camuflar as burrices da minha mãe
- Um porre né? Ela não quer fazer nada, não quer comer, diz que é só mais uma garota com problemas no sangue, que nada mais importa pra ela e que... - ele respirou fundo novamente - pode morrer a qualquer momento. E isso me destruiu, sacas?
- Claro. Mas você tem dar força pra ela. Vai começar tudo aquilo de quimioterapia e ela vai perder o cabelo e tals
- É eu sei. Mas tipo, eu queria tirar aquilo dela e por em mim. Só para não vê-la sofrer, chorar...
- Mas ai ela choraria por você
- Ai eu morreria e ela não
- Para de falar besteiras, Enzo! Ninguém vai morrer. Ela vai conseguir se recuperar e tudo vai acabar
- Mãe! - chamei sua atenção. Precisava falar daquele jeito?
- Me desculpe filho. Eu só estou triste por vocês e nem sei o que te dizer. Desculpa por ser uma péssima mãe
- Eita, quem ta falando isso Sophia? - papai interviu
- Deixa quieto mãe - Enzo encostou na janela - você nunca sabe o que dizer - ele sussurrou, mas com certeza deu para ela ouvir, apenas por ela ter encostado no banco repentinamente e pelo longo silêncio que ficou ali.
Chegamos em casa e o resto da noite foi em completo silêncio exceto quando meus pais murmuravam sobre o acontecimento.
Na manhã seguinte, acordei com AQUELA disposição... De dormir de novo. Seis não é meu número. Me arrumei e fui pra escola, sem muito clima de ficar em casa então fui mais cedo para a escola com Enzo, tentei anima-lo, em vão. Cheguei e ainda não tinha quase ninguém, aproveitei e fiz o dever que esqueci de fazer, eu sendo um ótimo exemplo, estava na esperança de pegar da Melo, ai eu lembrei que ela não vem hoje, é foi triste.
As aulas foram normais, ou seja: um completo tédio. Agora pensem comigo, pra que passar matéria faltando nove dias pras férias? Inútil! Enfim, logo Megan e Brian chegaram, parecia que la não dormia a três dias e seu cabelo um ninho de gato. Ela se sentou e nem bom dia disse, Enzo sentou ao seu lado e disse algumas coisas pra ela, que soltou um pequeno sorriso.
- Hey Megan - chamei perto de seu cadeira
- Oi Kamila
- Vem cá? Rapidinho - estiquei a mão e ela segurou se levantando. Enzo me olhou como "olha lá o que vai fazer". Guiei-a para o banheiro.
- O que vê? - perguntei enquanto olhávamos no espelho
- Uma garota derrotada
- Vai deixar isso te abalar tanto?
- Como não?
- Eu nunca fui muito com a sua cara, confesso, mas mesmo agora como cunhadas só quero seu bem. Olha só como você é linda. E como é lindo o brilho do seu sorriso. O Enzo me disse que sitou sobre morrer, tem que ser mais forte que isso
- Não é muito fácil
- Uma vez me disseram que ninguém nunca disse que seria fácil. Conhece?
- Sim - ela sorriu torto
- Então bora pentear essa cabelo, erguer a cabeça e ser o mais forte possível?
- Obrigada - desta vez sorriu de verdade
- Sempre que precisar - e fui surpreendida por um abraço, e lágrimas em meu ombro, mas sorri, e com um sussurro respondi "Vai ficar tudo bem". O resto do dia foi um pouco mais "alegre", digo, Megan não ficou mais com aquela cara e até riu. Depois de três aulas fomos liberados para o recreio. Enzo e sua namorada trocavam carícias, Brian conversava com Melissa pelo Whatsapp e como sempre eu e Alex sem fazer nada. Desta vez ele sentou ao meu lado e ficamos conversando até o: - Topa sair comigo hoje? - tentei não ficar vermelha nem esboçar tamanha felicidade a não ser um sorriso enquanto olhava para baixo - Aonde? - Onde quer ir? - Vai ter uma banda tocando na praia hoje a noite, estava afim de ir - Então fechado! - Vai ser as 18h - Quer que te busco em casa? - Não precisa. Só me encontra no quiosque 187, eles vão tocar ali por perto - Ótimo - Ótimo - sorrimos e passamos o resto do recreio sem palavras. Próximo do horário do almoço fomos liberados. Fazia calor, a vibração tomava conta de todos o que os fazia usar as típicas roupas de primavera-quase-verão. Todos sorriam e tomavam água de cocô. Pelomenos eu apenas via as pessoas felizes, talvez por eu estar feliz? Confesso: fiquei felizona - essa palavra existe? - e ansiosa para as seis da tarde.
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